quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A internet e os Movimentos Sociais

Vivemos na "era da informação". São muitos os veículos que fazem de sua principal programação a de passar informação. Estamos cada vez mais consumindo tudo o que rola por aí, principalmente na internet. Os públicos são segmentados, variando e fazendo com que as informações sejam das mais catastróficas até as mais bizarras e conflituosas.

Com a tarefa de analisarmos sites e blogs que dizem respeito ao assunto principal do nosso blog Movisol, localizamos três sites sobre os movimentos sociais. O primeiro, o que logo nos fez pensar na análise como um todo, foi o site do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Realizamos nossa primeira grande reportagem para o blog com eles, e ainda temos a lembrança da nossa visita, feita recentemente, ao assentamento em Viamão.



O segundo site escolhido foi o da Via Campesina. O movimento mundial, que envolve pequenos trabalhadores rurais de 56 países, seria nosso primeiro grupo para a inauguração do blog, mas devido a poucos contatos e muitas histórias do MST para contar, resolvemos deixar para depois.



E, para finalizar a análise, o blog do Movimento Negro Unificado. Por ser um movimento social, também decidimos colocar alguma referência online desse movimento que vem combatendo ao longo de sua história todas as manifestações preconceituosas e discriminatórias praticadas contra africanos.


Com a evolução da tecnologia, a rede se torna um dos principais meios de divulgação, ou seja, ela é o suporte para o universo da informação. Para os autores Thalles Waichert e Fábio Malini, a produção industrial da informação entrou em colapso, "entrando em campo" a descentralização da produção midiática, na qual a rede é o principal suporte.

A questão sobre a internet e os blogs é muito discutida devido à veracidade das informações. Até que ponto pode-se acreditar nas informações que são passadas por qualquer pessoa, e a qualquer hora na web? Mas, acredita-se que aquelas páginas com relevante ou divertido conteúdo permaneçam.

O professor e Dr. Bruno Lima Rocha da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) fala do uso da internet pelos movimentos sociais e faz uma breve análise do uso da rede pelos movimentos. "Os movimentos sociais contemporâneos surgem junto com a internet. A questão da internet não é de ela ser utilizada, ela é constitutiva das novas redes dos movimentos populares", apresenta. Para o professor deveriam haver mais canais de retorno. "As mídias sindicais poderiam contar com a participação da categoria. Fazer com que seus trabalhadores e filiados sejam os primeiros que alimentem aquela página, não um grupo de profissionais apenas. "

Confira aqui a entrevista com o professor Bruno.


Para Alex Primo, “multiplicam-se hoje os blogs grupais, organizacionais...”. No caso das nossas três análises, chegamos à conclusão de que todos são sites e/ou blogs organizacionais. Os blogs organizacionais, os coletivos, estão sujeitos a restrições sobre a criação de determinada postagem, e à interação com as audiências. Os redatores do blog, sempre devem levar em consideração que a assinatura será feita pelos membros de certa organização.

Podemos dar um exemplo sobre o site do MST. Toda e qualquer publicação feita no site, não é de interesse pessoal. Todas as informações que ali constam, são de interesse do movimento, que deve estar á par da veracidade dos dados.

O conteúdo analisado, que fala sobre movimento, se encaixa perfeitamente no conceito de Oliveira (2002, p.126) sobre as organizações: são “grupos de pessoas que combinam seus próprios esforços e outros tipos de recursos para alcançar objetivos comuns”. O autor continua caracterizando as organizações de outros grupos sociais (os do blog também): “propósito, divisão de trabalho, coordenação e hierarquia são as principais”.

Primo salienta ainda que para o “estudo de gênero não importa se a organização que mantém o blog tem ou não fins lucrativos, o nível de sua burocratização, nem se é uma organização pública ou privada e se tem registro comercial. Não importa tampouco a dimensão da organização, quantos membros possui, se ela é municipal ou transnacional, se tem filiais, se possui capital e como ele é administrado”.

Enfim, classificamos em subgêneros os blog do Movimento Negro, e os sites do MST e da Via Campesina como organizacional informativo. Este gênero se caracteriza pelo registro de informações sobre o segmento de atuação da organização, sem que ela manifeste seu parecer sobre os fatos.

O site do MST pode ser considerado também organizacional reflexivo. Há espaço para publicações de gente de dentro do Movimento que fala sobre o que acontece na mídia. No da Via Campesina encontramos um espaço para publicações onde o movimento expressa também suas reflexões, podendo enquadrar o site no gênero organizacional reflexivo. E o blog do Movimento Negro tem diversos artigos publicados para o desenvolvimento de suas teorias.


O que mais nos chama a atenção para essas publicações, é que o que vemos nos endereços eletrônicos é totalmente diferente das informações que a mídia divulga. A opinião da mídia sobre o movimento é uma, e o movimento está sempre contra o que a mídia diz e divulga dele.

O que podemos concluir com essa análise dos blogs e sites dos movimentos que abordaremos nas outras matérias, é que há uma preocupação em mostrar os motivos de suas realizações e ideologias. Acessando a internet e conferindo os sites analisados, você poderá saber o outro lado da moeda (não só o que a mídia tradicional apresenta), mas poderá também dosar as informações e formar sua própria opinião.

Informação a gente vai ter sempre, ainda mais com essa evolução da tecnologia que nos permite informar o tempo todo, a quem quisermos. Cabe sempre ao leitor, usuário, internauta, tele-espectador, saber como receber a informação, interpretá-la e levá-la da melhor forma possível.